Por que devo inscrever meus alunos na Olimpíada Brasileira de Astronomia?

Por Zevaldo Sousa
Antes de responder esta pergunta que pode ser a sua neste momento. Gostaria de relatar a minha experiência como professor-responsável pela OBA (Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica) e MOBFOG (Mostra Brasileira de Foguetes) em uma escola do interior baiano.
Na época, estava como professor de informática e queria mudar, sair do básico e realizar algo diferente que impactasse na vida das crianças, despertando a curiosidade e o interesse intelectual. Li o anúncio da OBA e resolvi desafiar meus alunos perguntando aos mesmos se eles gostariam de participar desta Olimpíada. Boa parte gostou da ideia e foi o suficiente para inscrever a escola na OBA e no MOBFOG.
O POTENCIAL DE APRENDIZADO
Após inscrição da escola e dos alunos, o passo seguinte foi mobilizar outros professores e alunos. Nas turmas do ensino fundamental I, as professoras regentes adoraram a ideia de incluir as crianças em uma atividade diferenciada e logo me perguntaram como elas poderiam ajudar, desenvolvendo papel importantíssimo para a realização da Mostra de Foguetes da Escola e na aquisição de conhecimento básico necessário para a prova escrita. Mostrei o regulamento e imprimi provas anteriores, materiais de estudo, até aplicativos da Olimpíada foram baixados por alguns alunos em seu smartphone ou tablet. Nos momentos em que estavam comigo, agucei a curiosidade dos estudantes com perguntas disparadoras e permiti que encontrassem uma resposta sem cobranças. Queria trabalhar a importância do erro na sala de aula.

O erro estava sendo tratado como deveria ser em todos os momentos da vida: como aprendizado!
Com os alunos do ensino fundamental II e médio tive que exercer um papel muito mais ativo para convencê-los a fazer algo diferente, que não valia nota, mas o conhecimento adquirido com uma nova experiência. É preciso disseminar na escola a Cultura do Pensamento e estimular nossos alunos a resolverem seus problemas e desafios. Sempre iremos encontrar algumas dificuldades, nossos próprios desafios que precisamos superar para que nossa meta seja alcançada, mas para mim, o que ficou marcado foi uma experiência riquíssima, em especial, quando percebi que uma aluna que não gostava de estudar e com a nova experiência esteve sempre presente, tirando dúvidas, adorando a atividade de construção de um foguete que tinha como combustível, a água e o ar. Aquela atitude me tocou profundamente e me fez entender que nossos alunos aprendem e desenvolvem suas habilidades muito mais rápido quando se sentem desafiados e compromissados com aquilo que acreditam.
Mas, por que devo inscrever a minha escola e meus alunos na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica mesmo não sendo (ou sendo) um professor de Ciências?
Digo, sem pestanejar. Porque é uma experiência riquíssima e que pode ajudar os alunos a entenderem como temas cotidianos estão interligados às disciplinas escolares. Vejamos alguns exemplos:
A astronomia e a astronáutica estão muito ligadas ao campo das Ciências Naturais, mas também podemos trabalhar questões Sociais, Histórico e Geográficas. Imaginemos que ao demonstrar um texto, imagem ou vídeo sobre o tema histórico ‘Conquista do Espaço’ o professor poderia adentrar na temática de tecnologias desenvolvidas para este desafio, as pessoas envolvidas, os países e os motivos da corrida espacial, o impacto social proporcionado por esta conquista e por toda tecnologia desenvolvida para que este desafio fosse realizado, melhores posições geográficas de lançamento espacial, e muito mais…
Se atrelarmos a matemática, poderemos construir foguetes (réplicas) para a realização da MOBFOG e com isso, testar, errar, acertar, comemorar, além de medir altura, velocidade e distância alcançada, promover competições saudáveis em que os alunos precisem desenvolver a habilidade científica de construir, inventar, criar seu próprio foguete usando materiais recicláveis e por fim, testá-los, reinventá-los, se for preciso, calcular peso, desenvolver estratégias, perceber mudanças climáticas, de vento, e tudo o que for preciso para que alcancem seus próprios desafios, tudo isso de forma prática e teórica, ao mesmo tempo.
Se interligarmos ao campo das Linguagens, os alunos podem desenvolver a habilidade e a competência da leitura, interpretação e produção textual, visual e audiovisual. Os professores de Literatura e Língua Portuguesa, assim como o de Língua Inglesa poderiam trabalhar em conjunto com outros professores na produção científica de textos ou vídeos para serem postados em redes sociais da escola ou em algum livro.

Em poucas palavras, percebeu a importância da realização de uma Olimpíada Nacional na escola?

É preciso acreditar!
Acreditar em nossos alunos e no seu potencial é papel do professor e da escola que precisa se reinventar a todo instante. Hoje, temos uma oportunidade com várias Olimpíadas Científicas, amanhã teremos novos desafios. Os temas surgem e os desafios são lançados diariamente, cabe a nós professores, sermos ativos o suficiente para criar uma esfera de curiosidade científica em nossa sala de aula.

Mas lembre-se. Antes de inscrevê-los. Desafie-os, permita que acreditem em seus sonhos. Acredite no poder da Sala de Aula Democrática! Falarei sobre este tema em breve.

Como posso inscrever meus alunos?
Para isso, é preciso entrar no site da OBA (http://www.oba.org.br/site/) e cadastrar a sua escola e seus alunos. As inscrições para a OBA – Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica e para a Mostra Brasileira de Foguetes (MOBFOG) já estão acontecendo. O prazo final é até o dia 18 de março‼
Maiores informações:
Pelo e-mail:  oba.secretaria@gmail.com ou
Pelos telefones: (21) 2334-0082 – Tel: (21) 4104-4047.
Visão além do alcance
Além da OBA, existem diversas outras Olimpíadas Científicas que o professor poderá inscrever seus alunos e trabalhar temáticas de forma interdisciplinar, além de coletar as informações importantíssimas dos seus alunos visando novos projetos, novas perspectivas, novas formas de trabalhar e desenvolver as competências e habilidades que tanto desejamos que nossos alunos desenvolvam.
No mais… Agora é só aplicar!!

Boa sorte.

Prof. Zevaldo Sousa
Licenciado em História pela UFRB

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